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TETRALOGIA DE CARRERO GANHA NOVO LANÇAMENTO

07/11/2018

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Comemorando os 70 anos de um dos mais importantes escritores de Pernambuco, a Cepe Editora programou mais um lançamento da tetralogia de Raimundo Carrero, Condenados à vida. O evento será realizado  na terça-feira, 13 de novembro, às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco-MEPE,  onde ocorre a abertura de exposição sobre a vida e obra do autor. A tetralogia de Carrero ganhou três lançamentos especiais na metade do ano, um no Festival de Inverno de Garanhuns, onde o autor recebeu homenagens, na programação paralela da 16ª Feira Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro e  no Museu do Homem do Nordeste (Fundaj-Casa Forte). 


A tetralogia reúne os romances Maçã agreste (1989), Somos pedras que se consomem (1995), O amor não tem bons sentimentos (2007) e Tangolomango (2013). Nos livros, o autor narra a decadência da elite nordestina da cana-de-açúcar, tendo a industrialização como pano de fundo, através da saga da família Cavalcanti do Rêgo, cujos personagens devassos e incestuosos,  transitam entre as obras, representam uma crítica ao falso moralismo nas relações familiares, religiosas e sociais.


 Raimundo Carrero é conhecido internacionalmente e um dos escritores mais premiados do País. Membro da Academia Pernambucana de Letras, conquistou o Prêmio Jabuti, recebeu dois troféus da Associação Paulista de Críticos de Arte, dois prêmios Machado de Assis da Biblioteca Nacional, o Prêmio São Paulo de Literatura, além dos prêmios pernambucanos José Condé e Lucilo Varejão. Seus livros foram traduzidos para o espanhol, francês, romeno e búlgaro. 


Nesta conversa, o escritor conta um pouco da sua trajetória, fala da tetralogia e revela planos à repórter Flávia Castro.


Considerado um dos mais importantes escritores do Brasil, com diversas obras publicadas, de onde nasceu esse seu gosto pela literatura?


Raimundo Carrero: Fui uma criança cercada de livros porque três das minhas cinco irmãs eram professoras. Meu pai não sabia ler, mas passava parte da noite, das 19 às 22 horas, com um livro aberto nas mãos, como se estivesse lendo. E parece que aprendeu a ler ali mesmo. Meu irmão mais velho, Francisco, deixou uma biblioteca inteira na loja do meu pai. E minha irmã Maria Anália lia muitos romances. 


Seus livros levantam temas impactantes. Quais questionamentos estão presentes na tetralogia?


RC: Os gregos já discutiam e examinavam a formação das famílias. Este é o meu tema principal, com suas naturais consequências.


O que você considera mais relevante ao fazer a transição desses temas para a literatura?


RC: É importante a reflexão sobre o tormento humano. O exame cuidadoso dentro e fora da família. Isso é decisivo.


Somos pedras que se consomem foi incluído entre os dez melhores livros de 1995, e está entre os dez melhores de ficção do País. Como você se sente ao republicar uma obra reconhecida?


RC: Fico muito satisfeito porque, enfim, Somos pedras será lido como parte do meu romance principal. 


Sua obra circula entre o pecado e o sagrado, fazendo uma junção entre temas opostos. Por qual motivo?


RC: O problema é que todo conflito tem início no tormento humano do sagrado e do profano. Daquilo que é indigno e o que é digno. Na busca da felicidade tudo isso é inquietante. 


As mulheres são representadas de forma trágica, por quê? É uma forma de crítica a realidade?


RC: Sim, porque as mulheres são sempre sacrificadas pela sociedade. Somente agora a mulher tem direito ao empoderamento. 


Os temas retratados nos anos 70 e 80, ainda mantém uma relação com o cenário atual?


RC: Sim, os temas são eternos até que a sociedade se transforme completamente. A relação com a atualidade existe desde que comecei a escrever. Minha obra começa com a história de Bernarda Soledade, depois se desdobra para as obras de 70 e 80, mas não existe nenhuma relação com a realidade no sentido fotográfico ou de retratar uma família, ela é puramente criativa e metafórica.


Os últimos quinze anos foram importantes para divulgação de sua obra, você conquistou prêmios significativos, que alcançaram diferentes públicos, além da oficina de criação literária que contribui para a formação de novos escritores. Como você se sente com tudo isso e que mensagem você deixa para aqueles que estão iniciando o processo de escrita?


RC: Condenados à vida é o núcleo da minha obra, dedicada a investigação das questões fundamentais que formam o tormento humano. Procurei transformar minha obra em questionamento humano. Encaro tudo isso com grande simplicidade, pois é o que coroa minha criação. Ao atingir 70 anos, naturalmente o escritor alcança maturidade plena, é uma consequência de todo trabalho que realizei durante toda a vida. Me sinto muito feliz e realizado. Peço aos jovens, sobretudo, que acreditem na vida e que se empenhem para melhorá-la com justiça, porque a justiça é essencial.


 O que você pode adiantar sobre seus planos, seus próximos livros, e quais suas expectativas para o lançamento que comemora seus 70 anos e marca sua carreira?


RC: Espero continuar escrevendo com a mesma dignidade de sempre e que em pouco tempo outro livro possa ser publicado, chamado A didática da criação. Também pretendo escrever outros romances, um já está sendo escrito, deve se chamar Pérolas porcas. É muito difícil fazer uma avaliação das minhas expectativas, considerando que os críticos fazem resenhas e não análises, mas a expectativa é boa, espero que observem o que está acontecendo com minha obra e o que ela representa. O lançamento na Flip, é essencial, pois reúne diversos públicos e vários campos da mídia que auxiliam no sentido de distribuição e divulgação. A minha expectativa é que alcance um público grande e diversificado. E repito: Espero continuar escrevendo com a mesma dignidade de sempre.


 


Conheça a Tetralogia de Raimundo Carrero "Condenados à Vida