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CEPE LANÇA AS MARGENS DO PARAÍSO. CONFIRA ENTREVISTA COM O AUTOR

26/03/2019

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Do escritor Lima Trindade, As margens do Paraíso é um romance ficcional que voltando ao passado, auxilia na reflexão do presente. Em 270 páginas, o livro conta as histórias de Leda, Rubem e Zaqueu tendo como cenário geográfico a construção de Brasília. A obra será lançada no dia 30 de março, às 18hrs, na livraria LDM, em Salvador, dia 15 de abril, às 18h30, no Sebinho, em Brasília e no Recife, o lançamento ocorre em agosto, durante a Feira Nordestina do Livro (Fenelivro).


Confira a entrevista com Lima Trindade. Nesta conversa, ele revela os desafios para escrever um livro na atualidade e as reflexões e questionamentos presentes em sua nova obra:


Como funciona seu processo de criação?


Lima Trindade: É diversificado, cada texto ou ideia me solicita um processo particular e com dinâmica própria. Há trabalhos espontâneos onde a escrita se dá de maneira livre e quase sem interrupções. Outros, como as novelas “Supermercado da Solidão” e “O retrato ou um pouco de Henry James não faz mal a ninguém”, por exemplo, exigiram rigoroso planejamento, pesquisa e reflexão. Uma forma de fazer não exclui necessariamente a outra, são apenas rotas diferentes para se chegar a um mesmo lugar.


Todas as suas obras caminham no estilo de As Margens do paraíso? Quais são elas?


LM: De maneira alguma, sou um autor que gosta de experimentar várias possibilidades de narrativas e formas, desafiar-me sempre. Talvez a que mais se assemelhe a ele seja “O retrato”. Não na linguagem, mas na incursão histórica, pois transporto o leitor para um Portugal do princípio do século passado, inventando um episódio misterioso na vida do rei Dom Carlos I, que era primo do nosso D. Pedro II, uma história de amor proibido com cores trágicas. Gostei muito de escrever este livro. E gostei também do resultado.Publiquei ainda a novela “O supermercado da solidão” e os livros de contos “Todo sol mais o Espírito Santo” e “Corações blues e serpentinas”.


Do que se trata as margens do paraíso?


LM: “As margens do paraíso” trata das possibilidades do sonho e da transformação nas vidas das pessoas. Leda, Rubem e Zaqueu, as três personagens pelas quais vemos o mundo ali exposto, se imaginam merecedoras de muito mais do que lhes é oferecido. E se rebelam. O livro também traça em nível metafórico um exame identitário do nosso país, nossa vocação para abarcar ou refutar a ideia de justiça e igualdade enquanto nação de e para todos. É preciso que se compreenda que são as margens que dão o limite do significado, emprestam sentido ao centro, configuram o poder.


Como surgiu a ideia de escrever sobre esses personagens?


LM: Da observação cotidiana das pessoas ao meu redor em confronto com questões que me interessavam avaliar e dramatizar.


O que o livro representa?


LM: Ah, o ideal seria que os leitores e a crítica especializada respondessem esta pergunta por mim (risos)... No plano profissional, representa um degrau a mais na minha produção. Não só por ser ele meu primeiro romance, mas a alegria de publicar numa editora séria, competente e dona de um catálogo tão relevante no país. No plano pessoal, um acerto de contas com um passado recente, sendo eu descendente de uma mãe nordestina e um pai carioca pioneiros na construção da nova capital.


Quais dificuldades surgiram no decorrer da produção?


LM: Como em todo projeto de longa duração, a dificuldade maior residiu e reside na falta de profissionalização da atividade literária, nas condições materiais que a grande maioria de nós tem de lidar diariamente. É preciso ter a mente forte para não desanimar com a baixa qualidade do ensino de nossas escolas, com a morte da grande parte dos cadernos e revistas culturais, com os baixos índices de leitura e o espaço cada vez mais raro para uma crítica especializada minimamente relevante, capaz de despertar a curiosidade do não-leitor e oferecer aos que leram a obra um ponto de vista diferente do senso comum.


A condição de Leda, infelizmente, ainda é um retrato da realidade de muitas crianças que crescem sobre o título ‘’como se fosse da família’’ você pensou nessa realidade para contar a história de Leda? Além desse, que outros questionamentos estão presentes no livro?


LM: Sim, pensei. E pensei também na condição de “agregado” empregada por Roberto Schwarz em seu “Ao vencedor as batatas”. Há muita hipocrisia no trato entre diferentes classes sociais com o objetivo de amenizar as tensões e conflitos, impedir que mudanças profundas aconteçam e o poder se mantenha inalterável.


O livro discute as diversas relações de poder entre os indivíduos e as instituições, a busca pela emancipação pessoal e a descoberta do lugar que almejamos ocupar dentro da sociedade.


Como você direcionou os personagens ao destino desejado para criar a história?


LM: Eu simplesmente permiti que eles fossem caminhando por suas próprias pernas e a história foi sendo criada a partir de seus impulsos, personalidades e ações imediatas. Eu não desejava nenhum destino em especial para nenhum deles.


Que reflexão o livro pode passar ao leitor?


LM: Que a análise do passado pode nos ajudar a pensar e a entender as razões para a grande sinuca que nos metemos hoje.


Quais suas expectativas para o lançamento?


LM: Extremamente positivas. O livro está muito bonito e me sinto orgulhoso. A CEPE foi muito cuidadosa com a edição. Espero que todos apreciem.


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